Há dois anos no Brasil, programa de reflorestamento em propriedades rurais já é sucesso no Interior de São Paulo

Custo é viabilizado por meio da venda antecipada de créditos de carbono; na região de Ribeirão Preto, áreas de Cerrado e Mata Atlântica já estão em recuperação

Recém-chegado ao Brasil, o Instituto Ubá, que desenvolve projetos de sustentabilidade e ESG*, já apresenta casos de sucesso na região de Ribeirão Preto, onde instalou sua filial brasileira. Um exemplo é a fazenda Morro Azul, entre os municípios de Jardinópolis e Batatais, onde um dos projetos da entidade voltados especificamente para o Interior de São Paulo já rendeu o plantio de árvores nativas do Cerrado e da Mata Atlântica em cinco hectares de APP (área de preservação permanente). Outros 20 hectares também já foram plantados em outras propriedades da Alta Mogiana.

Trata-se do Ana Primavesi, programa de reposição de carbono do Instituto Ubá cuja meta principal é viabilizar a restauração de áreas degradadas em propriedades rurais, sobretudo APPs. Ele também cria sistemas produtivos sustentáveis e auxilia os proprietários rurais na adequação de suas propriedades de acordo com o Código Florestal.

O programa abrange todos os municípios do Estado de São Paulo e se torna viável para os agricultores porque realiza a venda antecipada de créditos de carbono, que é promovida por grandes empresas. Sua cadeia produtiva conta com três pontas: o cliente (uma empresa, que compra os créditos de carbono, financiando o projeto); o Instituto Ubá, que desenvolve o projeto do começo ao fim, e o agricultor, que é o beneficiado, ao ter sua propriedade restaurada com o plantio de árvores nativas e, assim, adequando-se à legislação.

BENEFÍCIOS PARA O AGRICULTOR
Disponível para proprietários rurais que estejam com seus títulos regularizados e que possuam áreas desmatadas há mais de dez anos, o programa Ana Primavesi oferece estrutura do planejamento ao acompanhamento de todas as etapas do projeto.

O programa também apoia o custeio da mão de obra, hora-máquina e insumos, além de oferecer apoio técnico para o planejamento e execução dos plantios. E, após o crescimento, emite o certificado dos créditos para o cliente (no caso do programa Ana Primavesi, a Volkswagen, empresa que comprou os créditos antecipadamente, viabilizando a ação).

Thaís Costacurta, proprietária da Morro Azul, elogia a maneira engenhosa criada pelo Instituto Ubá para viabilizar financeiramente o projeto. “Essa venda antecipada dos créditos de carbono foi uma ideia perfeita; com certeza vai ajudar a cobrir muitas áreas na região”, afirmou. “É muito caro pra gente fazer sozinho; foi a Ubá que entrou com os recursos e o apoio técnico”, disse Thaís.

Veridiana Costacurta, mãe de Thaís e também proprietária da fazenda, comemora os resultados visíveis do programa na propriedade: “Apesar de ainda termos floresta nativa, temos essa grande APP degradada que nunca conseguimos recuperar mas, agora, a Ubá está reflorestando essa área de cinco hectares”, alegrou-se.

Fundadora e diretora executiva do Instituto Ubá de Sustentabilidade, a engenheira florestal Marina Gavaldão explicou que os principais custos do projeto foram pagos antecipadamente pelo cliente da Ubá (no caso, a Volkswagen) para compensar suas emissões de gases de efeito estufa. “É esta a premissa do projeto. Outros custos decorrentes da originação dos créditos também são cobertos pelo cliente, como o monitoramento, as auditorias, insumos e acompanhamento técnico. Resta aos proprietários transferirem o direito sob créditos ao cliente e se engajarem em manter as florestas durante 40 anos, prazo exigido pela legislação”, explicou.

Durante todo este período, a cada cinco anos, a Ubá visitará a fazenda Morro Azul para monitorar o crescimento das plantas.

EXPERTISE EM FINANÇAS CLIMÁTICAS
Marina Gavaldão concorda com Veridiana quando ela diz que, sozinhas, as pessoas e entidades não-especializadas no tema jamais conseguirão resolver as complexas questões ambientais. “Em tupi-guarani, a palavra Ubá significa seguir em frente. Pretendemos, a partir daqui, dos entraves criados pela Humanidade, fazer o melhor possível. E isso significa colocar toda a nossa expertise em campo”, arrematou.

A Ubá é especializada em implementar projetos que usam finanças climáticas e mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ao redor do mundo. Já facilitou a venda de mais de oito milhões de toneladas de carbono em atividades de uso sustentável do solo e paisagem, como agroflorestas, restauração florestal, conservação florestal, mangues e proteção costeira.

Fundado na França em 2020, o Instituto instalou sua sede no Brasil (Ribeirão Preto) há dois anos. Antes disso, já atuava com projetos de agroecologia, reflorestamento e geração de renda nas Filipinas e na França e, agora, também está presente em outras regiões brasileiras como sul da Bahia (projeto Jussara), regiões Norte e Central (projeto Ibirá), Amazônia Legal (REDD+) etc.

EMISSÃO DE CARBONO: COMO FUNCIONA
Uma empresa compra antecipadamente créditos de carbono para compensar a emissão que gera.

Um grupo especializado como a Ubá desenvolve um projeto, promovendo a auditoria, mão de obra especializada, contratando maquinários, insumos, etc., além do planejamento da ação. Os proprietários rurais, a fauna local e a população em geral são beneficiados com o plantio das árvores  nativas que haviam sido extraídas e estavam em vias de extinção.

Depois que as árvores são plantadas, a cada cinco anos, a Ubá visita o projeto para fazer todas as medições das árvores e garantir que elas estão gerando carbono (medição técnica dos troncos, folhas, crescimento etc). Ou seja, o ciclo médio de geração de carbono do projeto é de cinco em cinco anos.

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*ESG – sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance” (Ambiental, Social e Governança). É um conceito que avalia as práticas de uma empresa nesses três pilares.

 

By Instituto Ubá
Foto: Gabriel Nascimento

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Chico Moreira

Consultor e engenheiro florestal.

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Mario Coso

Engenheiro Florestal e Mestre em Administração. Partner na ESG Tech Consulting.