Tecnologia impulsiona crescimento da indústria

O setor industrial brasileiro encerrou 2024 com um crescimento de 3,1%, registrando o terceiro melhor resultado dos últimos 15 anos, superado apenas por 2010 e 2021. Foram observados avanços em 20 dos 25 ramos analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada, recentemente, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os segmentos industriais, a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos foi responsável pelo maior avanço nominal, com 14,7%. Em seguida estão os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (12,5%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,2%).

De acordo com o gerente da PIM, André Macedo, os avanços na indústria foram impulsionados por aspectos como o maior número de pessoas no mercado de trabalho, o aumento da massa salarial e a evolução na concessão de crédito.

Outro fator que tem influenciado o desempenho da indústria brasileira é a adoção de tecnologias. Segundo o Ranking Nacional da Indústria 4.0, do instituto Atlas Intel em parceria com a Tractian, a implementação de novas soluções tecnológicas pode aumentar a produtividade do setor em até 38%.

Para 80% dos entrevistados, o uso dessas ferramentas gerou impactos positivos na redução de custos de indisponibilidade e na qualidade dos serviços e produtos. O levantamento revela, ainda, que os ganhos são mais expressivos em segmentos como bens de consumo (58%), aeronáutica (54%) e petróleo e gás (48%).

Inteligência artificial (IA), sensores IoT, métodos de Big Data e automação são algumas das soluções em destaque. Softwares, como os de Enterprise Resource Planning (ERP), facilitam a gestão de áreas como estoque, produção, faturamento e gerenciamento de projetos, conforme explica o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O sistema ERP industrial integra dados de diferentes áreas de operação em tempo real, melhorando o acompanhamento da cadeia produtiva, a colaboração com fornecedores e clientes e a tomada de decisão. A automatização permite que os empresários identifiquem oportunidades de melhoria e obtenham vantagem competitiva no mercado.

Para o co-CEO da Tractian, Igor Marinelli, a digitalização da indústria é fundamental para tornar o Brasil mais competitivo no cenário mundial. “Precisamos conhecer profundamente as necessidades do setor e investir pesado na construção de uma indústria mais tecnológica, que utilize meios como a Inteligência Artificial e a IoT para conseguir reduzir custos e aumentar a produtividade”, avalia.

Essas necessidades podem ser percebidas por meio do uso de ferramentas para monitorar KPIs (Key Performance Indicators), que ajudam a otimizar processos e melhorar a eficiência operacional, permitindo o acompanhamento detalhado do desempenho industrial.

De acordo com o Sebrae, esses indicadores-chave de desempenho ajudam a identificar gargalos produtivos de uma cadeia de serviços, auxiliando na criação de ações de melhorias direcionadas aos pontos analisados como problemáticos.

Estudos apontam desafios para a modernização
Apesar do avanço tecnológico e dos resultados positivos no setor industrial, desafios ainda precisam ser superados. O estudo da Atlas Intel aponta que a falta de conhecimento técnico, mencionada por 28,4% dos participantes, e a limitação de recursos financeiros, para 24,2%, são os principais obstáculos para a implementação de novas tecnologias.

Além disso, a administração de fluxos financeiros em indústrias de produção puxada e gestão de estoque em manufaturas de produção empurrada estão entre as dificuldades citadas pelo Sebrae como as mais urgentes para as indústrias, identificados em pesquisas e análises dos indicadores.

Continuidade de expansão exige maior qualificação
As projeções para os próximos anos indicam que a indústria brasileira deve manter uma trajetória de expansão. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial, divulgado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor deve registrar um crescimento médio de 1,93% entre 2025 e 2027.

Para sustentar esse avanço, o estudo destaca a necessidade de qualificação de 14 milhões de trabalhadores no período, sendo 2,3 milhões com formação inicial para ocupar novos cargos ou substituir aqueles que deixarão suas funções e 11,8 milhões para atualização de competências.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a capacitação dos profissionais deve envolver tanto habilidades técnicas, como domínio de softwares, máquinas e equipamentos industriais, quanto habilidades comportamentais, como criatividade, inovação e inteligência emocional.